ARTICULAÇÕES - Estudo Bíblico



           

O meu primeiro manual de computador já afirmava que mais de 90% do mau funcionamento da máquina devia-se a problemas de conexão, primeiro tomadas, depois cabos. Quando o carro não pega, na maioria dos casos, é cabo da bateria oxidado. Quanta dor de cabeça não causa um “fiozinho solto”.  E não precisa insistir sobre como são importantes as conexões elétricas e hidráulicas de nossa casa. Enfarto, angina, aneurisma, derrame, AVC, alzheimer, esclerose  atuam nas conexões para gerar seus males; artrose e artrite, nas juntas, nas articulações.

Ao nos referirmos à igreja como edifício, como corpo, geralmente pensamos no conjunto, no todo, e à vezes esquecemos de um pequeno detalhe, de que as partes, mesmo fortes, saudáveis e cada uma no seu devido lugar, não se tornam um conjunto saudável e frutífero pela simples justaposição, mas sim quando contam com boas conexões. Efésios 4.16 adverte que, para tornar efetiva “a justa cooperação de cada parte”, o corpo deve estar “em sua inteireza, bem ajustado e unido por meio de toda junta e ligadura”, de conexões adequadas que propiciem um bom encaixe.

Esta condição foi certamente fundamental quando a igreja primitiva, ainda pobre, fraca, perseguida, chegou a abalar o todo poderoso império romano. Muitos dirão: foi antes a ação do espírito. Mas a visão de Ezequiel deixa bem claro que, para o espírito fazer sua obra, não basta ossos amontoados, é preciso que sobre eles haja tendões, carne e pele, articulações que os conectem.

É impressionante como a criatividade tem levado nos últimos tempos os homens a produzir aparelhos cada vez mais funcionais. E a necessidade de torná-los mais eficazes vem exigindo a elaboração de conexões cada vez mais aprimoradas, afinadas às partes a serem articuladas e ao resultado almejado.

      

E quem viveu os anos 80 fica também impressionado com o número que surgiu de lá para cá de grupos e organizações motivados e preparados para construir um mundo novo. Imagine todos agindo como um corpo bem ajustado e unido por meio de toda junta e ligadura, por meio de articulações bem moldadas, que profundas transformações nos brindaria. Talvez, além de investir na capacitação e motivação de nossos grupos e organizações, esteja na hora de também aprimorar suas articulações.


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Que vos parece?

Que vos parece? Se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará ele nos montes as noventa e nove, indo procurar a que se extraviou? E, se porventura a encontra, em verdade vos digo que maior prazer sentirá por causa desta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. Assim, pois, não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos.” (Mt 18.12-14)

Essa palavra de Jesus me vem à mente sempre que ouço falar em programa de inclusão social. Com certeza, havia muitas ovelhas perdidas no rebanho real a que se referia a parábola, assim como chegam a milhões os excluídos de nossa sociedade. Mas a proporção se inverte, no lugar de uma extraviada para cada cem, são no mínimo cem extraviadas para cada uma das que permanecem no conforto dos montes.

Pense então no alvoroço que seria se os programas de inclusão trouxessem umas mil ovelhas sujas, doentes, famintas para junto de cem limpas, saudáveis e gordinhas. É preciso, antes, submetê-las a um processo de lavagem, cura e engorde, geralmente realizado em escolinhas esportivas, de informática, artes, etc., que também não comportam todas as mil, tornando-se necessário algum critério de seleção. Mesmo selecionadas, algumas não chegam ao fim do processo. Das que chegam, muito poucas estão de fato preparadas para conviver com as que ocupam os montes. Estas são admitidas com festa e muitos prêmios são concedidos aos que as prepararam. Vitória. Mas, o que vêem ao ultrapassar os portões nada tem a ver com um campo verde onde pastam ovelhas pacíficas. Mais se assemelha a uma arena onde feras se digladiam, em que só as mais fortes e selvagens sobrevivem.

E o que fazem as que ficam pelo caminho, eliminadas nas várias etapas desse processo de inclusão? Nas palavras do Zeca Pagodinho: ”Se o vizinho ao lado está passando por uma situação, ele faz um mutirão e ajeita a situação. Então, por que que essa gente que tem não aprende a lição com esse povo que nada tem, mas tem bom coração?” (E vamos à luta). Veja a situação da educação no Brasil, dos estudantes, da juventude brasileira. Vamos fazer um mutirão “pois, não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos”, principalmente daqueles que nem acesso à internet têm.

ENEConline

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