Restaurar 30 anos depois



Trinta anos depois.
O que aconteceu com o Brasil?
O que aconteceu com os movimentos estudantis?
Sobrou uma vaguinha pra gente?

Em 1983, a abertura política dava os primeiros passos no Brasil e as entidades voltadas para os estudantes, golpeadas pela ditadura, começavam a se reerguer e novas se organizavam. Hoje são muitas a nível nacional, algumas bastante poderosas, e inúmeras nos âmbito regional e local.


Deve-se muito a elas que o universo estudantil, por exemplo, oriundo historicamente em sua quase totalidade da classe média, conte hoje com significativa participação de filhos das classes populares, negros pobres e quilombolas, indígenas e jovens do campo, inclusive sem terra.



No início dos 80, primeiros momentos da abertura política, foi nas igrejas e nas escolas confessionais que as forças populares encontraram guarida para iniciar seus processos de restauração. Quanto ao que se refere aos movimentos estudantis, são exemplos relevantes a hospedagem do histórico congresso da Une pela Unimep – Universidade Metodista de Piracicaba, em 1980, e do apoio logístico dado pelo Instituto Metodista Bennett ao Enec83, primeiro encontro de estudantes cristão após a ditadura.

Hoje, ainda se confunde escola pública com estatal, caiu em descrédito a atuação política dos que se confessam religiosos e se vê com desconfiança o tempero teológico na educação.
O fato é que não estamos dando conta do recado. Quando isso acontece com nossos computadores, os técnicos nos aconselham a restaurar o sistema, a identificar uma data em que funcionava a contento e recuperá-lo a partir desse ponto. Em que momentos do passado fé e educação produziram juntas os frutos que desejamos produzir hoje? Quais nossos possíveis pontos de restauração?

Veja o vídeo PONTOS DE RESTAURAÇÃO

Anos 60


O Brasil inicia a década com uma nova capital, moderníssima, construída em três anos no meio do nada. Em quatro anos, fatos de importância histórica imensurável sucedem-se numa velocidade incrível: eleição da dobradinha Jânio/Jango, renúncia do primeiro, tentativa de golpe, campanha da legalidade, parlamentarismo (3 primeiros ministros em 15 meses), plebiscito e restauração do presidencialismo, tentativa de reformas, golpe.



Digladiavam na arena política personalidades como, de um lado, General Lott, Brizola, Jango, Darci Ribeiro, Julião, Miguel Arraes... e de outro, Lacerda, Magalhães Pinto, Ademar de Barros, Negrão de Lima... E a sociedade não observava passiva, palavras como conscientização, reformas, alfabetização, diálogo motivavam os movimentos populares, de modo especial os estudantis.

 

A CNBB e a Confederação Evangélica animavam e capacitavam seus fiéis para participar da construção do novo Brasil que tomava forma. JEC e JUC mobilizavam os estudantes católicos; UCEB, ACA e Ubraje, os evangélicos. O golpe militar destroçou todos os movimentos, mas não impediu que o ímpeto dos religiosos, católicos associados aos evangélicos, produzisse o ousado dossiê “Brasil: nunca mais”, documento chave para restabelecer a verdade sobre os porões de nossa história.



1895


UCEB e ACA integravam, bem como o Cenec, posteriormente, a Fumec – Federação Mundial de Movimentos Estudantis Cristãos, fundada em 1895, na Suécia, e que conquistou rapidamente associados nos cinco continentes, pois movimentos missionários de estudantes já proliferavam por todo o mundo. Não apenas faziam parte da avassaladora mobilização evangelística que marcou a história da igreja no século XIX, mas constituiam o próprio carro chefe da mesma, contrapondo-se e desafiando a inércia que caracterizava as pesadas estruturas eclesiásticas da época e, ao mesmo tempo, reagindo ao racionalismo e materialismo que começavam a encantar o mundo acadêmico. A federação forjaria os teólogos e biblistas mais influentes do século XX.

O Clube Santo



Suzanne de Dietrich, historiadora da Fumec, faz remontar a origem desses movimentos ao Clube Santo dos irmãos Wesley, na Oxford do século XVIII, uma das primeiras, mas, com certeza, a mais conhecida comunidade de universitários, mestres e estudantes, que compartilhavam dormitório, refeitório e salas de aula e decidiram se dedicar em comunidade ao cultivo da piedade pessoal, à evangelização e ao serviço ao próximo. O Clube não evoluiu para uma grande organização, mas consolidou personalidades que se tornariam os evangelizadores mais ousados e teologicamente consistentes da história.

Os Jesuítas 




Inácio de Loyola e mais seis estudantes fundaram a Companhia de Jesus dia 15 de agosto de 1534 na Capela do Mártires, em Paris. Foi a conclusão de um processo que começara pelo menos seis anos antes, quando três deles estudavam no Colégio Santa Bárbara e resolveram dedicarem-se juntos à devoção pessoal, ao serviço dos pobres e à evangelização. Com estrutura flexível, a Companhia tomava a forma mais adequada aos locais aonde chegava, seja na própria Europa, no Congo, no Japão ou na América Latina. Entre nós enfrentou problemas ao se opor à escravização de índios e negros, tornando-se conhecida por sua grandiosa obra educacional, pois educação integral de qualidade confundia-se com a própria evangelização.

Restaurar 2000




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